O acidente tomou grandes proporções, além do congestionamento causado, acionou bombeiros, ativistas, veterinários e alcançou rapidamente a mídia e as redes sociais. A partir dai, as opiniões dividiram-se. Alguns comentando sobre os direitos dos animais, outros dizendo-se indignados, outros achando um absurdo alguém se preocupar com porcos que “já iam mesmo morrer”. Sim, ouvi esta frase pessoalmente de alguém que não tem consciência sócio-ambiental/animal...

Antes de opinar sobre este tema, preciso abordar uma forma meio “diferente” de raciocínio para justificar minha opinião final:

Sempre que ocorre um fato, não importa em que nível ou campo seja, logo aparecem inúmeras opiniões. Uns concordam, outros discordam, outros divertem-se com a situação, muitas das vezes, expondo o sofrimento alheio. E esse ritmo (que é quase um ritual) segue até outro fato tão ou mais polêmico surja para que recomecem as opiniões...

O que quase ninguém pensa é que fatos existem para elucidar e serem transmutados, ou seja, é preciso que algo considerado ruim ocorra para justificar sua correção, a polícia existe porque existem bandidos, se todos fossem extremamente bons e justos, não haveria necessidade de leis nem policiamento. As tempestades chegam para amenizar o calor excessivo. A calmaria só pode ser percebida após um grande tumulto e a Luz só se reflete onde há escuridão.

Tenho sido privilegiada com o conhecimento não só de minhas áreas de atuação (Saúde, Educação e Artes) mas também em estudos e vivências teológicas, históricas e arqueológicas, conseguindo em meio a tudo isso, verificar de forma expandida tudo que acontece comigo e com o mundo. Por isso, percebo nesta situação do acidente envolvendo os porcos uma forma de trazer à tona um mercado que não só tortura e mata os animais como expõe a saúde humana a grandes riscos.

Se o motorista desta carreta (por muitos chamado de burro, ignorante e outros “predicados” impublicáveis) tivesse seguido seu caminho sem tentar manobrar para outra pista, a carreta seguiria para um matadouro onde apenas morreriam como inúmeros já morreram antes deles e outros inúmeros morrerão caso nada se faça a respeito. Portanto este motorista não é burro nem do mal enfim, ele apenas foi usado para trazer este fato à tona. Talvez este fato mude, inclusive, a própria forma deste motorista pensar porque pode ter sido a luz que ele precisava para enxergar o quanto sua profissão é injusta. Poderia transportar crianças para uma escola, idosos para tratamentos, doações para instituições, enfim, tantas outras maneiras de praticar sua profissão para melhorar o mundo, por que fazer este transporte desumano? Talvez ele mude seu raciocínio e, mesmo que não mude, ele serviu para elucidar este crime cometido diariamente em inúmeros abatedouros.

Se entrarmos pelo entendimento da filosofia e espiritualidade, ainda poderemos analisar o que leva um ser a nascer num corpo de animal, muitas vezes com mais consciência do que muitos humanos mas condicionado a um corpo de animal. E nascendo animal, o que leva um ser a nascer como um lindo cachorrinho de raça ou mesmo um vira-latas ou um gatinho cheios de charme que, mesmo nascendo nas ruas logo encontram alguém para adotá-los e esses seres adotados sendo tratados com muito amor, carinho e mimos enquanto outros seres tão ou mais conscientes ou sencientes como queiram nascendo em corpos de bovinos, suínos, aves e outros animais considerados apenas para serem mortos ou usados para produzir leite, ovos e derivados?

Você leitor, responda, tem a resposta para esta questão? Sabe o que leva um ser a nascer em um determinado corpo e ter uma vida repleta de carinho e cuidados e outro ser a nascer em um corpo que o condenará a ser morto e devorado sem nenhuma piedade?

Se você tem esta resposta, sinta-se à vontade para criticar o motorista desta carreta, opinar sobre o aspecto físico do acidente e abordar qualquer ângulo desta questão. Se não tem uma resposta, pense que, invés de todos os porcos serem abatidos e levados à mesa dos carnívoros, este acidente proporcionou que vários deles fossem resgatados e abriu uma discussão sobre o tema que poderá mudar este triste quadro que hoje temos em abatedouros.

Os números divulgados são desencontrados mas, em média, calcula-se que segundo balanço divulgado pelo grupo de ativistas que participou dos resgates,no total eram 110 porcos,sendo que 22 foram levados ao matadouro antes que o socorro chegasse, 19 morreram no local, 8 não resistiram aos ferimentos e morreram depois do resgate e 61 estão num santuário que não teve seu endereço publicado. E a luta continua para resgatar os 22 porcos que ainda estão vivos no matadouro.

Se o acidente não tivesse ocorrido, seriam 110 os mortos e ninguém, além dos ativistas e veganos (que, geralmente também são ativistas) se preocuparia... Um número bem maior de mortes e menor de conscientizações do que o citado acima.  Reflita sobre isso, caro leitor!

Outra questão bastante importante que este acidente trouxe ao conhecimento da população é a extrema falta de higiene em que vivem e são transportados estes animais. Isso deverá ter grande impacto nos carnívoros que, não se preocupando com o sofrimento animal, preocupados com sua própria saúde, deverão pensar ao menos duas vezes, antes de ingerir carnes deste tipo de abatedouros. Isso também causará muito mais reflexão e uma maior consciência na população.

Por tudo isso, este acidente proporcionou uma mobilização de quem já é ativista e uma grande chance de conscientização de quem ainda não está acordado para as questões socioambientais/animais.

Agradeço a você, leitor, por ler este artigo até aqui e, se gostou, repasse aos seus contatos para que também tenham acesso a este conhecimento. Agradeço, acima de tudo, ao Criador do Universo que me proporciona tanto saber e a oportunidade de perceber Luz em tudo e em todos.

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